Não precisaram de nenhuma palavra
para anunciar o fim. O silêncio urgia em gritos atordoantes naquele quarto
escuro, ora debatendo-se em suspiros, ora acompanhado de pensamentos errantes.
Ele tentou, em vão, olhá-la com profundidade na penumbra de mal estar que os rondava. Ela
procurava pelo olhar perdido, o olhar que já lhe fora dedicado em outrora, mas
nada encontrou além do peso da indiferença. Em meias palavras, meios olhares, meias perguntas e meias respostas eles se afastaram. O que não foi meio
fez-se ausência, esvaindo-se aos poucos. Aquele homem percebeu que não tinha
mais diante de si a mulher pelo qual se apaixonara, e a mulher por sua vez,
estarrecida, compreendeu que não seria feliz com o par idealizado. Em sua
liberdade, ela precisava de um abraço. Em sua indiferença, ele esperava o
carinho. Ambos se afastaram. Permaneceram em silêncio, almejando
transformarem-se em espíritos livres. E solitários.