quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sensações errantes...

 


Não precisaram de nenhuma palavra para anunciar o fim. O silêncio urgia em gritos atordoantes naquele quarto escuro, ora debatendo-se em suspiros, ora acompanhado de pensamentos errantes. Ele tentou, em vão, olhá-la com profundidade na penumbra de mal estar que os rondava. Ela procurava pelo olhar perdido, o olhar que já lhe fora dedicado em outrora, mas nada encontrou além do peso da indiferença. Em meias palavras, meios olhares, meias perguntas e meias respostas eles se afastaram. O que não foi meio fez-se ausência, esvaindo-se aos poucos. Aquele homem percebeu que não tinha mais diante de si a mulher pelo qual se apaixonara, e a mulher por sua vez, estarrecida, compreendeu que não seria feliz com o par idealizado. Em sua liberdade, ela precisava de um abraço. Em sua indiferença, ele esperava o carinho. Ambos se afastaram. Permaneceram em silêncio, almejando transformarem-se em espíritos livres. E solitários.