quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sensações errantes...

 


Não precisaram de nenhuma palavra para anunciar o fim. O silêncio urgia em gritos atordoantes naquele quarto escuro, ora debatendo-se em suspiros, ora acompanhado de pensamentos errantes. Ele tentou, em vão, olhá-la com profundidade na penumbra de mal estar que os rondava. Ela procurava pelo olhar perdido, o olhar que já lhe fora dedicado em outrora, mas nada encontrou além do peso da indiferença. Em meias palavras, meios olhares, meias perguntas e meias respostas eles se afastaram. O que não foi meio fez-se ausência, esvaindo-se aos poucos. Aquele homem percebeu que não tinha mais diante de si a mulher pelo qual se apaixonara, e a mulher por sua vez, estarrecida, compreendeu que não seria feliz com o par idealizado. Em sua liberdade, ela precisava de um abraço. Em sua indiferença, ele esperava o carinho. Ambos se afastaram. Permaneceram em silêncio, almejando transformarem-se em espíritos livres. E solitários.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Girl, you'll be a woman soon...




Um filme sempre bom de ser visto, em especial a cena da Mia dançando. Depois do filme, resta reavivar o bom gosto de Tarantino: ouvir toda a trilha sonora e repetir mil vezes uma música em especial. Esse é o ritual!  Dessa vez a escolhida foi "Girl, you will be a woman soon, please come take my hand...", música de Neil Diamond. Essa música remete à ajuda, independência, PAIXÃO, encontro de um amor, mistério, olhar marcante, batom vermelho, corselet, salto alto... esperança. Muito linda! 

Girl, You'll Be A Woman Soon


I love you so much, can't count all the ways
I'd die for you girl, and all they can say is
"He's not your kind"
They never get tired of puttin' me down
And I never know when I come around
What I'm gonna find
Don't let them make up your mind
Don't you know

Girl, you'll be a woman soon
Please come take my hand
Girl, you'll be a woman soon
Soon you'll need a man

I've been misunderstood for all of my life
But what they're sayin', girl, just cuts like a knife
"The boy's no good"
Well, I finally found what I've been looking for
But if they get the chance, they'll end it for sure
Sure they would
Baby, I've done all I could
Now it's up to you

Girl, you'll be a woman soon
Please come take my hand
Girl, you'll be a woman soon
Soon you'll need a man

Girl, you'll be a woman soon
Please come take my hand
Girl, you'll be a woman soon
Soon, but soon you'll need a man

domingo, 21 de outubro de 2012

Se acaso me quiseres...



Sou dessas mulheres
Que só dizem "sim!",
Por uma coisa à toa,
Uma noitada boa,
Um cinema, um botequim.

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda,
Qualquer coisa assim,
Como uma pedra falsa,
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim.

E eu te farei as vontades.
Direi meias verdades
Sempre à meia luz.
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis.

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte:
Te afasta de mim,
Pois já não vales nada,
És página virada,
Descartada do meu folhetim.

Música para acompanhar uma tarde de domingo. Entre tantos trabalhos, uma distração. Ou muita, já que sofro do tic de ouvir a mesma música tantas vezes quanto for possível e imaginável. Muito bom! Lindos Chico Buarque e Luiza Possi!  =)


Um Par



Meu corpo entristeceu.
Estava tão só.
Precisava do teu.
Precisava não ser só.

Relacionamentos também secam





Acho que os relacionamentos podem se tornar secos, como plantas esquecidas e mal aguadas. E que as pessoas são engraçadas. Sim, elas têm muito interesse em inteirar-se cada vez mais da vida outro, e quando descobrem o que lhe interessa não se dão por satisfeitas. Pretendem descobrir os segredos mais íntimos: como o que pensam? E o que sentem em determinado momento, em determinado segundo. O fato é que depois que descobrem ‘tudo” (se é que é possível) não valorizam. Veem em suas frentes rãs dissecadas, sem nenhum batimento, órgão, sem pulsação. Enxergam um ser desinteressante, pois tudo já foi visto e descoberto. Portanto, tenhamos cuidado com os analíticos, cuidado com suas línguas e principalmente, com seus atos. Nossos batimentos agradecem.


domingo, 10 de junho de 2012

El deseo y la gratitud





Rasga 
meu corpo
ensanguentado
que pinga o desejo de querer-te mais...

anular-me ?
aumenta o ar[dor] de não ter
a  força do amar retribuído

o que me resta?
essa besta fera ferida
chamada instinto
que teima em ser amor

O que me contenta?
Teu sorriso acalmado
e teu corpo sorridente
que vibra na inquietude de encontrar
o encaixe que pacifica,
vigora e transborda contentamento.


(Sentinte)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Literatura em Perigo

Ontem li um livro que contribuiu muito para fortalecer minha visão sobre a importância da literatura em nossa vida. O livro A Literatura em Perigo, de Tzvetan Todorov trata-se de um livro tão prazeroso, que ao ler já esboçava um sorriso de satisfação. Deleite e felicidade mesclam-se para fortalecer uma nova compreensão sobre literatura. Logo no Prólogo, o autor expõe sua visão sobre a plenitude da literatura:

“amo porque ela me ajuda a viver. Não é mais o caso de pedir a ela, como ocorria na adolescência, que me preservasse das feridas que eu poderia sofrer nos encontros com pessoas reais; em lugar de excluir as experiências vividas... mais densa e mais eloquente que a vida cotidiana, mas não radicalmente diferente, a literatura amplia o nosso universo, incita-nos a imaginar outras maneiras de concebê-lo e organizá-lo... Ela nos proporciona sensações insubstituíveis que fazem o mundo real se tornar mais pleno de sentido e mais belo. Longe de ser um simples entretenimento, uma distração reservada às pessoas educadas, ela permite que cada um responda melhor à sua vocação de ser humano”.

A plenitude que é ser mais humano se torna possível devido a leitura de obras literárias. O interessante é que diferentemente das obras científicas ou filosóficas, os romances tem a possibilidade de convencer sobre temas polêmicos, e através da sua linguagem tornar-se mais convincente ao leitor. Entretanto, essas diversas formas de textos se complementam. Todorov deixa claro que prefere se apoiar no Iluminismo, pois este encaixa-se perfeitamente à literatura que deve ser ensinada em sala de aula, sendo o objeto da literatura a própria condição humana. Já a corrente formalista-niilista-solipsista produz uma imagem empobrecida da arte e da literatura. Para eles, a relação aparente das obras com o mundo é apenas um engodo. Durante o discurso, Todorov critica o modelo de ensino da literatura, julgando-o desinteressante aos olhos dos alunos. Esses não teem acesso ao envolvimento de uma leitura prazerosa, e desta forma pouco conhecem o poder da literatura.

“A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão quando estamos profundamente deprimidos, nos tornar ainda mais próximos dos outros seres humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos ajudar a viver. Não que ela seja, antes de tudo, uma técnica de cuidados para com a alma; porém, revelação do mundo, ela pode também, em seu percurso, nos transformar a cada um de nos a partir de dentro”.


Todorov finaliza o livro declarando que nós adultos, devemos transmitir às novas gerações essa herança frágil: as palavras que ajudam a viver melhor. =)